Desde o final do ano passado aumentou consideravelmente a venda de caixas de água. O bombardeio midiático sobre a grave crise hídrica que afeta as regiões Sudeste e Centro-Oeste produziu como efeito imediato, segundo empresários do ramo, o chamado efeito manada.
“Tenho vendido desde o final do ano passado pelo menos 40% a mais do que vendia normalmente”, informou o comerciante Pedro Augusto Marchioretto, 48, do depósito Marchioretto . Com 30 anos no ramo de material de construção , ele afirma que nunca havia presenciado comportamento parecido. “A seca deixou as pessoas alarmadas. Tudo o que vem da indústria tem saído. Sinceramente, eu preferia estar vendendo menos caixas de água com um cenário de regularidade de chuvas”, comentou.
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O comerciante Luiz Carlos Martins, do Depósito Martins, chama a atenção para a procura de caixas de grande porte. “As caixas com 500 e 1000 litros são aquelas com mais saída, mas temos recebido encomendas de reservatórios com cinco e até dez mil litros”, contou. Pessoas que residem na zona rural ou têm chácaras de veraneio são as que mais procuram pelos depósitos maiores. Explicou ainda que não se trata de caixas d’água convencionais. “Ninguém coloca uma caixa deste porte em cima da construção. Elas operam como um auxílio nas necessidades destes imóveis”, observou. Martins revelou ainda que também os preços variam conforme a capacidade. “Temos reservatórios a partir de R$ 100 ( 100 litros) até cerca de R$ 3.500”, listou. Martins lembrou ainda que conforme o modelo, é necessário esperar até 30 dias pela entrega. “As indústrias estão sobrecarregadas de pedidos”, justificou.

O atendente do Depósito Bandeirante, Antonio Gonçalves da Cunha, o Mulão, também notou um aumento nas procuras de caixas d’água. Ele revelou que até para clientes de outras cidades acabou vendendo algumas. “Estes dias atendi uma senhora de Araras que estava passando pela cidade, viu a caixa de água e a comprou. Temos atendido também clientes de Jacutinga e Monte Sião”, contou. Ele também credita aos moradores da zona rural uma maior necessidade de aumentar a capacidade de armazenamento. “Muita gente que mora em sítios nos tem procurado e acabam levando mais uma caixa”.

Situação parecida foi descrita por Vagner Fernando Maia, 27, atendente da Construcampo. Segundo ele, as caixas d’água mais procuradas são as de 500 litros. “As pessoas querem se garantir e acabam colocando um depósito a mais, onde a capacidade de 500 litros parece ser adequada à maioria das necessidades”, acredita. Profissionais que constroem várias unidades são os que mais antecipam pedidos, conforme descreveu. “Tivemos que fazer estoque já prevendo este tipo de situação”, arrematou.
Na loja MBC, o comerciante Darci Gomes de Oliveira comunicou uma situação diferente dos demais colegas. Segundo ele, a procura pelas caixas d’água tem estado dentro da normalidade, desde o final do ano passado quando a cidade teve medidas de contingenciamento anunciadas pela Prefeitura. “Eu até chego a estranhar a situação específica da nossa loja, porque vendedores destes produtos,com os quais conversamos, nos relatam situações bastante difíceis em outras cidades. Alguns chegam a comentar que nunca venderam tanto”, observou.